Nuseibeh, como muçulmano, respeita Jesus como profeta, mas não crê que ele tenha sido o Filho de Deus e ressuscitou, está diariamente no lugar onde, para os cristãos, Cristo derrotou a morte.
A chave “passou de pai para filho, geração após geração”, explica Nuseibeh. A família perdeu seu trabalho com a tomada de Jerusalém pelos soldados cristãos da Primeira Cruzada em 1099. Hoje em dia ainda se entende o valor de pôr a chave da única porta da Igreja do Santo Sepulcro em mãos de muçulmanos.O lugar mais sagrado para os cristãos, onde acredita-se que Jesus foi crucificado, sepultado e ressuscitou, está guardado por uma família de muçulmanos, que velam com um zelo milenar um Monte Calvário envolvido em disputas.
Wajeeh E. Nuseibeh, de 56 anos, veste terno e gravata, como um empresário, e guarda uma pilha de cartões de visita num armário embutido na parede à entrada de um templo no coração de Jerusalém.
Nelas, está escrito: “Guardião da Igreja do Santo Sepulcro”.
A igreja é o ponto final da Via Dolorosa, que se estende pelas ruas estreitas e repletas de lojas do bairro muçulmano, e que se parecem com as percorridas por Jesus com a Cruz no ombro há quase dois mil anos – a chamada via crucis.
O templo se ergue ao redor da rocha que supostamente sustentou a cruz. Além disso, contém o túmulo de Jesus, que é banhado de lágrimas diariamente pelos peregrinos cristãos.
“Algumas pessoas se irritam e dizem, ´por que os muçulmanos estão aqui´? Mas não conhecem a história”, explica.
Essa história remonta ao tempo do califa Omar, que conquistou Jerusalém em 637, segundo Nuseibeh.
No que era o Monte Calvário havia então uma igreja bizantina do século IV, e o Califa encomendou sua custódia a Ubadah ibn al-Samit, um antepassado da família de Nuseibeh.
Mas 88 anos mais tarde, o sultão Saladino derrotou os cruzados e devolveu a chave aos Nuseibeh com a missão de servirem de intermediários entre as diferentes vertentes da fé cristã.
A tarefa está registrada em documentos religiosos – ao contrário do trabalho feito pelos Nuseibeh antes das cruzadas, que permaneceu como um relato oral na família.
O templo está atualmente separado em seis áreas, controladas pelos católicos, os apostólicos armênios, os ortodoxos gregos, os ortodoxos sírios, os ortodoxos etíopes e os coptas.
“Nós somos pessoas neutras”, diz Nuseibeh. Na Igreja do Santo Sepulcro, o suposto túmulo de Jesus e o lugar da crucificação estão na área grega.
Os católicos têm uma capela onde acredita-se que Santa Helena encontrou a cruz de Jesus. Enquanto, a área síria, onde está o túmulo de José de Arimatea, está abandonada por falta de dinheiro de seus guardiães.
Mas isso não é assunto de Nuseibeh, que não tem de manter o templo, mas guardar a chave e controlar o acesso.
Antes das quatro do amanhã, os sacerdotes já batem à porta. Às seis e meia da tarde, é ele quem anuncia o fechamento da igreja e fecha as portas, meia hora depois.
No entanto, é permitido a um pequeno número de clérigos permanecer na igreja durante a noite para realizar celebrações e meditar, sem a distração da multidão de visitantes que passa diariamente pelo templo.
Por seu trabalho, Nuseibeh recebe US$ 5 ao mês de cada um dos seis grupos religiosos que compartilham a igreja. Na Semana Santa, quando são realizados atos que recordam o que aconteceu no Santo Sepulcro, ele chega a receber US$ 100 de gorjeta.
Essa missão é sua vida e a honra de sua família.”Estamos muito orgulhosos”, afirma o muçulmano, que destaca a importância de Jesus também no Islã. “No Corão o nome da Virgem Maria é mencionado 40 vezes, e nem uma vez o nome da mãe de Maomé”, afirma.
Nuseibeh será substituído à porta da Igreja por seu filho ou um de seus irmãos, afirma, o que fará com que a família continue guardando o túmulo de Jesus.
Fonte: Último Segundo
Wajeeh E. Nuseibeh, de 56 anos, veste terno e gravata, como um empresário, e guarda uma pilha de cartões de visita num armário embutido na parede à entrada de um templo no coração de Jerusalém.
Nelas, está escrito: “Guardião da Igreja do Santo Sepulcro”.
A igreja é o ponto final da Via Dolorosa, que se estende pelas ruas estreitas e repletas de lojas do bairro muçulmano, e que se parecem com as percorridas por Jesus com a Cruz no ombro há quase dois mil anos – a chamada via crucis.
O templo se ergue ao redor da rocha que supostamente sustentou a cruz. Além disso, contém o túmulo de Jesus, que é banhado de lágrimas diariamente pelos peregrinos cristãos.
“Algumas pessoas se irritam e dizem, ´por que os muçulmanos estão aqui´? Mas não conhecem a história”, explica.
Essa história remonta ao tempo do califa Omar, que conquistou Jerusalém em 637, segundo Nuseibeh.
No que era o Monte Calvário havia então uma igreja bizantina do século IV, e o Califa encomendou sua custódia a Ubadah ibn al-Samit, um antepassado da família de Nuseibeh.
Mas 88 anos mais tarde, o sultão Saladino derrotou os cruzados e devolveu a chave aos Nuseibeh com a missão de servirem de intermediários entre as diferentes vertentes da fé cristã.
A tarefa está registrada em documentos religiosos – ao contrário do trabalho feito pelos Nuseibeh antes das cruzadas, que permaneceu como um relato oral na família.
O templo está atualmente separado em seis áreas, controladas pelos católicos, os apostólicos armênios, os ortodoxos gregos, os ortodoxos sírios, os ortodoxos etíopes e os coptas.
“Nós somos pessoas neutras”, diz Nuseibeh. Na Igreja do Santo Sepulcro, o suposto túmulo de Jesus e o lugar da crucificação estão na área grega.
Os católicos têm uma capela onde acredita-se que Santa Helena encontrou a cruz de Jesus. Enquanto, a área síria, onde está o túmulo de José de Arimatea, está abandonada por falta de dinheiro de seus guardiães.
Mas isso não é assunto de Nuseibeh, que não tem de manter o templo, mas guardar a chave e controlar o acesso.
Antes das quatro do amanhã, os sacerdotes já batem à porta. Às seis e meia da tarde, é ele quem anuncia o fechamento da igreja e fecha as portas, meia hora depois.
No entanto, é permitido a um pequeno número de clérigos permanecer na igreja durante a noite para realizar celebrações e meditar, sem a distração da multidão de visitantes que passa diariamente pelo templo.
Por seu trabalho, Nuseibeh recebe US$ 5 ao mês de cada um dos seis grupos religiosos que compartilham a igreja. Na Semana Santa, quando são realizados atos que recordam o que aconteceu no Santo Sepulcro, ele chega a receber US$ 100 de gorjeta.
Essa missão é sua vida e a honra de sua família.”Estamos muito orgulhosos”, afirma o muçulmano, que destaca a importância de Jesus também no Islã. “No Corão o nome da Virgem Maria é mencionado 40 vezes, e nem uma vez o nome da mãe de Maomé”, afirma.
Nuseibeh será substituído à porta da Igreja por seu filho ou um de seus irmãos, afirma, o que fará com que a família continue guardando o túmulo de Jesus.
Fonte: Último Segundo
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