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às 6:31
Não
vou desistir, não! Os fascistas — vistam vermelho, preto ou rosa — fazem
linchamentos morais do lado de lá, eu continuarei, do lado de cá, a lembrar
como funciona uma sociedade democrática e de direito. Grupos de pressão agora
deram pra fazer das ONGs e das redes sociais verdadeiros tribunais de exceção.
As pessoas são julgadas e condenadas sem nem mesmo direito de defesa. E têm
contado, sim, com o apoio de amplos setores da imprensa.
Raramente tantos foram
tão intolerantes em nome da tolerância. Ora, defender a liberdade de expressão
daqueles que pensam como a gente é coisa fácil. Stálin, Hitler, Mao Tsé-tung ou
Kim Jong-Il não fariam melhor. Quero ver é a defesa da dita-cuja para os que
pensam de modo diferente.
Ontem,
li nos sites dos grandes portais que o Grupo Gay da Bahia, chefiado por Luiz
Mott, resolveu conferir o troféu, atenção para o nome!, “Pau de Sebo” para o
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, para o ex-governador José Serra e para
o ministro da Educação Aloizio Mercadante. Eles foram considerados “inimigos
dos homossexuais” porque teriam se oposto ao chamado kit gay nas escolas. É uma
vigarice intelectual, uma trapaça, uma safadeza — ou os gays estariam imunes a
esses males? Nenhum dos três, é evidente, é “inimigo dos homossexuais”. Haddad
e Mercadante podem ter muitos defeitos — este, que se saiba, não! Incluir Serra
na lista, então, evidencia mais uma vez o rigor intelectual com que opera o tal
Mott, professor de antropologia da Universidade Federal da Bahia. Em outras
circunstâncias, ele já teve a chance de demonstrar que, como intelectual, é um
excelente candidato a animador de auditório… É uma vergonha!
Haddad,
longe de ser “inimigo dos homossexuais”, poder ser considerado até mais do que
um “amigo”: é um verdadeiro “gayzista”. Foi na sua gestão que se criaram os
famigerados kits gays para ser distribuídos nas escolas — a crianças do Ensino
Fundamental também. Entre as pérolas que lá estavam, vocês devem se lembrar,
havia um filminho que declarava a superioridade da bissexualidade sobre a
heterossexualidade porque a pessoa aumentaria em 50% a chance de ter com quem
sair no fim de semana. Ainda que se desconte o erro de matemática, sobra a
estupidez moral e pedagógica. Seria oferecido a crianças um pega-palavras para
identificar o nome da pessoa que está insatisfeita com a sua genitália. Um
outro filme defendia que os travestis usassem o banheiro das meninas e que
fossem chamados pelos professores por seu nome feminino. E isso era
apenas parte da estupidez. Na gestão Haddad, esse material foi preparado por
ONGs e custou dinheiro. Ninguém sabe quanto ao certo. Só não chegou às escolas
porque houve uma forte mobilização de parlamentares — especialmente, sim, da
bancada evangélica. A própria presidente Dilma Rousseff ordenou que o material
não fosse distribuído, o que lhe rendeu o troféu “Pau de Sebo” de 2012. O fato
de o Grupo Gay da Bahia ser estúpido também com petistas não o faz menos…
estúpido!
Militância cega
O troféu conferido a Serra evidencia a cegueira dessa militância. O ex-ministro da Saúde merecia ser considerado, isto sim, quase um herói — não exatamente da causa gay, mas, se me permitem, de uma causa humanista de especial interesse para os gays. Quando o mundo praticamente não olhava para o problema, ele foi à luta, enfrentou resistências internas, a indústria farmacêutica, uma série de preconceitos e quebrou a patente de remédios que compõem o chamado “coquetel anti-AIDS”. Estruturou aquele que foi considerado pela ONU o maior e mais eficaz programa de prevenção e combate à doença. Milhares de gays — e também de héteros e de hemofílicos — se salvaram em razão desse programa, que, de outro modo, não teria essa extensão. Quando governador de São Paulo, Serra criou o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, um grupo que tem particularidade e que requer tratamento específico.
O troféu conferido a Serra evidencia a cegueira dessa militância. O ex-ministro da Saúde merecia ser considerado, isto sim, quase um herói — não exatamente da causa gay, mas, se me permitem, de uma causa humanista de especial interesse para os gays. Quando o mundo praticamente não olhava para o problema, ele foi à luta, enfrentou resistências internas, a indústria farmacêutica, uma série de preconceitos e quebrou a patente de remédios que compõem o chamado “coquetel anti-AIDS”. Estruturou aquele que foi considerado pela ONU o maior e mais eficaz programa de prevenção e combate à doença. Milhares de gays — e também de héteros e de hemofílicos — se salvaram em razão desse programa, que, de outro modo, não teria essa extensão. Quando governador de São Paulo, Serra criou o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, um grupo que tem particularidade e que requer tratamento específico.
Por
que ele seria, então, “inimigo dos homossexuais”? Ah, porque ele se opôs ao kit
gay! Aí se evidencia a essência totalitária disso que chamo “sindicalismo
gay”. Para que alguém, então, possa ser considerado um “amigo” da turma, é
preciso que se lhe conceda também o direito EXCLUSIVO de educar as nossas
crianças. Ou nada feito! Notem: a essa fatia do sindicalismo gay, o que um
governante efetivamente faz em defesa de homossexuais não tem a menor
importância. Eles exigem é a comunhão de valores. Dado o seu tamanho, a
entidade que mais atende homossexuais pobres vítimas da AIDS é a… Igreja
Católica! Mas isso, para essa turma, é também irrelevante. Se a Igreja não
amparasse um só doente, mas fosse favorável ao casamento entre pessoas do mesmo
sexo, então ela seria considerada uma entidade “amiga dos homossexuais”.
Essa
gente está mais empenhada numa guerra de valores do que propriamente em ajudar
os que sofrem. E não veem problema nenhum em sair por aí enlameando reputações.
O GGB explica por que o troféu se chama “Pau de Sebo”: “Para mostrar o ridículo
de ser inimigo dos LGBT: por mais que queiram espezinhar os gays e destruir o
movimento de libertação homossexual, nunca chegam a seu objetivo, caindo e se
lambuzando no pau de sebo da intolerância”. É evidente que essa é a versão,
digamos, “de família”. Não é preciso ser muito sagaz para desconfiar que, para
a plateia de Mott, a graça do “pau” e do “sebo” do título está na ambiguidade…
Asqueroso!
Reitero:
se Serra jamais tivesse movido uma palha em favor da quebra de patentes e da
distribuição do coquetel; se jamais tivesse criado qualquer centro de
referência de tratamento de homossexuais, se jamais tivesse salvado uma vida,
mas se dissesse favorável ao kit, então ele ganharia um “Triângulo Rosa”, que é
o troféu que o grupo confere aos “amigos dos gays”.
Mott, o irresponsável
A irresponsabilidade intelectual de Mott, um “professor” (Deus meu!), não é recente. Ele elaborou uma lista de supostos 100 gays VIPs do Brasil. Este senhor não precisa de fonte, de pesquisas, de nada. Basta-lhe a afirmação desairosa de alguém sobre um desafeto e pronto! Uma carta gentil a um amigo ou uma amiga é o suficiente para que decrete: “É gay”. Até as primeiras décadas do século 20, era comum, em Portugal e no Brasil, que amigos se despedissem em missivas com um “Do teu… Fulano de Tal”. Mott veria coisa ali… É assim que os poetas Olavo Bilac e Álvares de Azevedo entraram na lista. Também Dom João VI e Dona Leopoldina. Ou Zumbi do Palmares. O raciocínio que ele faz para concluir pela homossexualidade de alguém é mais uma evidência de seu refinamento teórico. Ele acha que Cristo, por exemplo, muito provavelmente era gay. E explica assim: “Ele era delicado com as crianças, sensível aos lírios do campo e nunca se casou. Parece até que tinha um caso com João Evangelista”.
A irresponsabilidade intelectual de Mott, um “professor” (Deus meu!), não é recente. Ele elaborou uma lista de supostos 100 gays VIPs do Brasil. Este senhor não precisa de fonte, de pesquisas, de nada. Basta-lhe a afirmação desairosa de alguém sobre um desafeto e pronto! Uma carta gentil a um amigo ou uma amiga é o suficiente para que decrete: “É gay”. Até as primeiras décadas do século 20, era comum, em Portugal e no Brasil, que amigos se despedissem em missivas com um “Do teu… Fulano de Tal”. Mott veria coisa ali… É assim que os poetas Olavo Bilac e Álvares de Azevedo entraram na lista. Também Dom João VI e Dona Leopoldina. Ou Zumbi do Palmares. O raciocínio que ele faz para concluir pela homossexualidade de alguém é mais uma evidência de seu refinamento teórico. Ele acha que Cristo, por exemplo, muito provavelmente era gay. E explica assim: “Ele era delicado com as crianças, sensível aos lírios do campo e nunca se casou. Parece até que tinha um caso com João Evangelista”.
Esse
cara dá aula! É doutor em antropologia! Mesmo com essa ignorância, como direi?,
alastrante!
De novo, Abramovay
Como é que se salta de Mott a Pedro Abramovay, o chefão no Brasil do site de petições Avaaz? Eu explico. Esse petista, ex-secretário nacional de Justiça, é hoje o comandante de uma organização que promove linchamentos online de quem lhe der — e a seu grupo — na telha. Concedeu ontem uma entrevista ao Estadão. Uma entrevista dos tempos modernos: fala o que bem quer, mesmo os maiores absurdos, e não precisa se explicar. Como comandou a petição contra Renan Calheiros, então pode se fingir de promotor do bem público.
Como é que se salta de Mott a Pedro Abramovay, o chefão no Brasil do site de petições Avaaz? Eu explico. Esse petista, ex-secretário nacional de Justiça, é hoje o comandante de uma organização que promove linchamentos online de quem lhe der — e a seu grupo — na telha. Concedeu ontem uma entrevista ao Estadão. Uma entrevista dos tempos modernos: fala o que bem quer, mesmo os maiores absurdos, e não precisa se explicar. Como comandou a petição contra Renan Calheiros, então pode se fingir de promotor do bem público.
O
Avaaz recebeu petições, por exemplo, contra os pastores Silas Malafaia e Marco
Feliciano, mas recusou as petições a favor de ambos. A organização tem bastante
dinheiro — tanto que já encomenda pesquisa ao Ibope e conta com braços em
Brasília. Ele não conta quanto isso custa. Diz não saber. Ele revelou como
funciona a coisa. Leiam (em vermelho)
A Avaaz deleta alguns abaixo-assinados,
como um proposto em defesa do pastor Silas Malafaia. Qual o critério para
deletar ou bloquear algumas petições?
Abramovay - O critério mais utilizado, e foi o caso da petição do Malafaia, que se tornou um caso bastante conhecido, é quando alguém da comunidade reclama. Porque a gente vê a Avaaz como um movimento, não é uma rede social, não é um espaço neutro, ela é um movimento que tem princípios. Quando uma parte dessa comunidade diz que essa petição vai contra o princípios do movimento, a gente faz uma pesquisa entre os nossos membros, perguntando, para uma amostra aleatória e por critérios cientificos, se isso representa a vontade dos membros. A gente tem três milhões de membros no Brasil, e pergunta: Vocês acham que essa petição deve continuar ou deve ser retirada? No caso do Malafaia, 77% das pessoas disseram que ela deveria ser retirada, e foi por isso que ela foi retirada.
Abramovay - O critério mais utilizado, e foi o caso da petição do Malafaia, que se tornou um caso bastante conhecido, é quando alguém da comunidade reclama. Porque a gente vê a Avaaz como um movimento, não é uma rede social, não é um espaço neutro, ela é um movimento que tem princípios. Quando uma parte dessa comunidade diz que essa petição vai contra o princípios do movimento, a gente faz uma pesquisa entre os nossos membros, perguntando, para uma amostra aleatória e por critérios cientificos, se isso representa a vontade dos membros. A gente tem três milhões de membros no Brasil, e pergunta: Vocês acham que essa petição deve continuar ou deve ser retirada? No caso do Malafaia, 77% das pessoas disseram que ela deveria ser retirada, e foi por isso que ela foi retirada.
Mas se a maioria decidisse que a petição
teria que ficar, ela ficaria?
Fica.
Fica.
O Malafaia, assim como o pastor Marco
Feliciano (PSC-SP), atual presidente da Comissão de Direitos da Câmara,
disseram que vão processar vocês por terem apagado a petição deles.
Isso mostra que de fato essas manifestações têm tido um efeito político grande, isso é positivo. Mas acho que qualquer tentativa de se reprimir, judicialmente ou não, movimentos políticos, acho que é muito complicado para a democracia. De qualquer maneira, a Avaaz está muito tranquila, existem regras claras na política da publicação e retirada de petições que estão no site. Do ponto de vista do risco jurídico, a gente não vê nenhum risco nessa forma de conduzir esse movimento (…).
Isso mostra que de fato essas manifestações têm tido um efeito político grande, isso é positivo. Mas acho que qualquer tentativa de se reprimir, judicialmente ou não, movimentos políticos, acho que é muito complicado para a democracia. De qualquer maneira, a Avaaz está muito tranquila, existem regras claras na política da publicação e retirada de petições que estão no site. Do ponto de vista do risco jurídico, a gente não vê nenhum risco nessa forma de conduzir esse movimento (…).
Voltei
Mott é professor de antropologia, e Abramovay, de direito. Vejam que grande democrata é esse rapaz: a “maioria” que conta para saber se alguém será ou não demonizado sem chance de defesa é a maioria formada pela turma, entenderam? São os juízes. Juízes que, como ele revela, não são “neutros”.
Mott é professor de antropologia, e Abramovay, de direito. Vejam que grande democrata é esse rapaz: a “maioria” que conta para saber se alguém será ou não demonizado sem chance de defesa é a maioria formada pela turma, entenderam? São os juízes. Juízes que, como ele revela, não são “neutros”.
Assim,
Abramovay, que se quer a voz da sociedade — basta ler a entrevista para
constatá-lo —, não quer saber, de fato, o que pensa a maioria, mas o que quer a
maioria da minoria que ele representa. Com ela, ele mobiliza a imprensa (como se
vê), o Congresso, as redes sociais… Quisesse mesmo ser um reflexo da sociedade,
ele permitiria que as petições fluíssem sem censura. As pessoas fariam, então,
suas escolhas livremente.
Não
com ele! A “democracia” deles guarda incrível semelhança, embora sejam mais
sofisticados, com a de Hugo Chávez: fazem o que quer a “maioria”, desde que
estejam excluídos, em princípio, os adversários.
Ah,
sim: vocês notaram que, até agora, não existem mobilizações contra a presença
de João Paulo Cunha e José Genoino na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara. Juntos, eles somam 17 anos de cadeia…
Ao comentar, peço-lhes, por favor,
moderação, equilíbrio, bom senso, tudo o que esses fascistas não têm.
Texto originalmente publicado às 5h14
Por Reinaldo
Azevedo
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